"Tu andas sempre descalço, lá-lá-lá..."
Esta tarde, a caminho do café e enquanto conspirava com o meu colega, parei por breves momentos na tabacaria da esquina para dois dedos de conversa com a vendedora, mulher simpatiquíssima e sempre com uma cara sorridente.
A tabacaria da esquina é assim um espaço relativamente pequeno, uma divisão, toda cheia de jornais, revistas, livros, os coleccionáveis do costume, uma arca congeladora para os gelados, o expositor das guloseimas, a máquina do tabaco e a máquina da Frutina (um vício terrível, meus caros... nunca se metam nisso, se têm amor à vida).
Ora, percorria eu com o olhar as manchetes, quando dou de caras com um daqueles cartões promocionais de lançamento de uma colecção, aqueles típicos, que anunciam algo a um preço irrisório, a ver se apanham desprevenidos os consumidores. Só que este não era um lançamento qualquer, não, meus caros berlins e putas-fodilhonas. Naquele cartão, ali em cores garridas, aquelas cores que, numa vertigem, esvaziaram-me o cérebro e puseram-me um nó na garganta, estava o desenho do Tom! Não o homónimo paneleiro escanzelado e vítima de abuso por parte do tio que pára ali no #baldes_bidões_e_contentores_de_merda, que isso já seria mau sinal (foda-se! depois do site e do fórum rabeta, ainda se lembram mas é de lançar uma colecção de cromos... irra!), mas o mítico, o único, o inigualável TOM SAWYER!!!
Era o lançamento, o primeiro número da colecção de "As Aventuras de Tom Sawyer" em DVD! Caralho! Tive de me aguentar senão vinham-me as lágrimas aos olhos, tal foi a emoção.
Nem pensei duas vezes. Peguei naquilo, paguei dizendo assim com um sorriso indisfarçável "é p'rós meus putos, sabe... quero que eles vejam o que o pai via quando era miúdo" (ora, como se não soubessem quem é para consumo próprio...), e fiquei a mirar aqueles personagens que muito alegraram a minha infância. Aquilo é que era!
Devo confessar que me entristece e enoja o gosto que esta canalha dos nossos dias tem no que concerne à TV. Cada merda mais paneleira do que outra, caralho! É Beyblades, é o Harry Potter e a sua varinha entalada na peida, enfim... a lista é demasiado nojenta para enumerar. Estes putos estão perdidos! Não conhecem nem usufruem dos grandes valores e dos ensinamentos que orientaram a malta "do meu tempo". Já não têm retorno! E depois admirem-se que comecem na droga cada vez mais cedo... É na droga e a sentarem-se na sanita do ex-gerente do #baldes antes do gajo se levantar ("cuidado com as companhias, Carlos Jorge...")... Isto precisa mas é de mais um 14 de Julho!
Considero que a minha geração foi particularmente feliz no que diz respeito à cultura televisiva (sim, ó seus conáceos, isso já existiu), pois teve acesso a séries e programas de qualidade superior. E é que nem se discute!
Mas é melhor não falar nisso, senão é um desfiar de recordações que nunca mais acaba.
O Tom Sawyer é o Tom Sawyer. É único. Tem um lugar especial no meu coração. Eram aventuras e tropelias que me faziam rir. Mal acabava um episódio, já estava em pulgas para que a semana passasse depressa. Ele e o Hucklberry Finn eram os heróis de um estilo de vida simples e pacato, numa terra calma, de gente ordeira e de bem. Eram traquinas e os adultos estavam sempre a ralhar com eles, mas eram aqueles "bons malandros", a quem era impossível ficar indiferente. E depois, o rio... O rio era omnipresente. O grande Mississipi que, tal como o Tejo do Constantino, comandava os sonhos dos putos de St. Petersburg, com os seus barcos a vapor a caminho de St. Louis.
Lembro-me que até o meu cota gostava de ver aquilo, à conta do hábito do Huck em acordar e sair ao ramo onde estava a sua casa da árvore para dar uma mija cá p'ra baixo. Também cá o Exocet gostava de ter uma casa assim, mas já me contentava com o sotão ou então o vão sob a escada...
O que é certo é que passei toda a tarde a resistir à tentação de meter o DVD no leitor do PC lá do gabinete... Não foi fácil, mas aguentei-me até chegar a casa onde, trémulo, revi os dois primeiros episódios. E confesso-vos: escutar novamente o genérico cantado pelo Francisco Ceia, aquelas palavras especiais... enfim, não me aguentei e o melhor que pude fazer foi abrir muito os olhos para tentar não chorar de alegria. Não consegui e senti grossas lágrimas a rolarem-me pelas faces. Pois é, suas amibas, o Exocet tem destas coisas... Mas não espalhem, senão lá se vai a minha fama de Anjo Exterminador.
Fica aqui um desafio, ou melhor, dois: se têm bom gosto, comecem a colecção... e tentem ver se se recordam do genérico.
Divirtam-se
Exocet
A tabacaria da esquina é assim um espaço relativamente pequeno, uma divisão, toda cheia de jornais, revistas, livros, os coleccionáveis do costume, uma arca congeladora para os gelados, o expositor das guloseimas, a máquina do tabaco e a máquina da Frutina (um vício terrível, meus caros... nunca se metam nisso, se têm amor à vida).
Ora, percorria eu com o olhar as manchetes, quando dou de caras com um daqueles cartões promocionais de lançamento de uma colecção, aqueles típicos, que anunciam algo a um preço irrisório, a ver se apanham desprevenidos os consumidores. Só que este não era um lançamento qualquer, não, meus caros berlins e putas-fodilhonas. Naquele cartão, ali em cores garridas, aquelas cores que, numa vertigem, esvaziaram-me o cérebro e puseram-me um nó na garganta, estava o desenho do Tom! Não o homónimo paneleiro escanzelado e vítima de abuso por parte do tio que pára ali no #baldes_bidões_e_contentores_de_merda, que isso já seria mau sinal (foda-se! depois do site e do fórum rabeta, ainda se lembram mas é de lançar uma colecção de cromos... irra!), mas o mítico, o único, o inigualável TOM SAWYER!!!
Era o lançamento, o primeiro número da colecção de "As Aventuras de Tom Sawyer" em DVD! Caralho! Tive de me aguentar senão vinham-me as lágrimas aos olhos, tal foi a emoção.
Nem pensei duas vezes. Peguei naquilo, paguei dizendo assim com um sorriso indisfarçável "é p'rós meus putos, sabe... quero que eles vejam o que o pai via quando era miúdo" (ora, como se não soubessem quem é para consumo próprio...), e fiquei a mirar aqueles personagens que muito alegraram a minha infância. Aquilo é que era!
Devo confessar que me entristece e enoja o gosto que esta canalha dos nossos dias tem no que concerne à TV. Cada merda mais paneleira do que outra, caralho! É Beyblades, é o Harry Potter e a sua varinha entalada na peida, enfim... a lista é demasiado nojenta para enumerar. Estes putos estão perdidos! Não conhecem nem usufruem dos grandes valores e dos ensinamentos que orientaram a malta "do meu tempo". Já não têm retorno! E depois admirem-se que comecem na droga cada vez mais cedo... É na droga e a sentarem-se na sanita do ex-gerente do #baldes antes do gajo se levantar ("cuidado com as companhias, Carlos Jorge...")... Isto precisa mas é de mais um 14 de Julho!
Considero que a minha geração foi particularmente feliz no que diz respeito à cultura televisiva (sim, ó seus conáceos, isso já existiu), pois teve acesso a séries e programas de qualidade superior. E é que nem se discute!
Mas é melhor não falar nisso, senão é um desfiar de recordações que nunca mais acaba.
O Tom Sawyer é o Tom Sawyer. É único. Tem um lugar especial no meu coração. Eram aventuras e tropelias que me faziam rir. Mal acabava um episódio, já estava em pulgas para que a semana passasse depressa. Ele e o Hucklberry Finn eram os heróis de um estilo de vida simples e pacato, numa terra calma, de gente ordeira e de bem. Eram traquinas e os adultos estavam sempre a ralhar com eles, mas eram aqueles "bons malandros", a quem era impossível ficar indiferente. E depois, o rio... O rio era omnipresente. O grande Mississipi que, tal como o Tejo do Constantino, comandava os sonhos dos putos de St. Petersburg, com os seus barcos a vapor a caminho de St. Louis.
Lembro-me que até o meu cota gostava de ver aquilo, à conta do hábito do Huck em acordar e sair ao ramo onde estava a sua casa da árvore para dar uma mija cá p'ra baixo. Também cá o Exocet gostava de ter uma casa assim, mas já me contentava com o sotão ou então o vão sob a escada...
O que é certo é que passei toda a tarde a resistir à tentação de meter o DVD no leitor do PC lá do gabinete... Não foi fácil, mas aguentei-me até chegar a casa onde, trémulo, revi os dois primeiros episódios. E confesso-vos: escutar novamente o genérico cantado pelo Francisco Ceia, aquelas palavras especiais... enfim, não me aguentei e o melhor que pude fazer foi abrir muito os olhos para tentar não chorar de alegria. Não consegui e senti grossas lágrimas a rolarem-me pelas faces. Pois é, suas amibas, o Exocet tem destas coisas... Mas não espalhem, senão lá se vai a minha fama de Anjo Exterminador.
Fica aqui um desafio, ou melhor, dois: se têm bom gosto, comecem a colecção... e tentem ver se se recordam do genérico.
Divirtam-se
Exocet